A vida do crente muitas vezes
é comparada com a cidade de Jerusalém, com o seu templo e muros. Os murros da
cidade de Jerusalém desempenhavam um papel muito importante, pois eram eles que
protegiam o povo dos ataques dos inimigos. Sem os muros a cidade ficava vulnerável
a todo tipo de ataques e a destruição.
Na nossa vida, a nossa alma
tem o papel dos muros, protegendo a vida espiritual e proporcionando um lugar
de santidade para a habitação do Espírito Santo. Quando a alma do homem não consegue dominar o seus
impulsos e emoções de maneira a obedecer a Deus, torna-se vulnerável a
todo o tipo de ataques, tanto do diabo, como as inclinações da carne. Os seus
murros precisam então de ser reparados, e as suas brechas preenchidas, de forma a
tornar-se resistente aos ataques.
A Bíblia, no livro dos Provérbios,
compara da seguinte forma, o homem sem domínio próprio: “Como cidade derribada,
que não tem murros, assim é o homem que não tem domínio próprio” Pv 25:28. O
homem sem domínio das suas emoções, dos seus desejos, ou seja sem domínio
próprio, é um homem vulnerável a todo o tipo de sugestão maligna, e de toda a
tentação, pois não tem a capacidade de controlar as suas emoções e vontades de
forma a obedecer a Deus e a Sua Palavra.
Por isso, um homem sem domínio
próprio, tem os seus murros destruídos, e a sua alma, como um todo, (pensamentos,
vontades, emoções) precisa de ser restaurada, para que consiga decidir e agir
de forma que agrade a Deus. A Palavra de Deus restaura a alma do homem,
mostrando ao crente o que é ou não bom para Deus. Contudo, o homem tem um papel
ativo na restauração da sua alma, cabendo a ele a escolha de obedecer a Deus, depois
de ouvir a Sua Palavra e a direção do Espírito Santo.
Como o homem, possui também o
corpo, que é a parte inclinada para o pecado, ele mesmo tem de domar a sua
carne e as suas vontades. O apóstolo Paulo diz-nos sobre isso: “Mas esmurro o
meu corpo e o reduzo a escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha
eu mesmo a ser desqualificado” 1Co 9:27. Cabe ao crente, reduzir a escravidão
ao seu corpo, dominando-o de forma que seja instrumento de justiça e não do
pecado.
Por outro lado, a mente,
depois de o homem ser salvo, continua com a mesma com forma de raciocinar sobre
o mundo e por isso também tem de ser salva, ou seja restaurada de forma a que
esteja dentro dos padrões estabelecidos por Deus. Para isso, devemos vigiar as
ideias que nos veem a mente, pois nem todas são de Deus (podem ser também do
mundo e do diabo). É preciso que o homem leve cada pensamento que não está
segundo a Palavra de Deus cativo a obediência a Jesus Cristo “e toda a altivez
que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o
pensamento a obediência de Cristo,”2Co 10:5.
O processo de restauração da
mente é um processo demorado, que exige tempo e esforço e que vai progredindo a
medida que conhecemos a vontade de Deus e a obedecemos. O Espírito Santo é
fundamental na nossa restauração, pois Ele nos conduz, e nos convence das áreas
em que devemos melhorar (áreas que não estão de acordo com a Sua vontade). Contudo,
na restauração, Deus não altera a nossa personalidade, aquelas características que
nos distinguem uns dos outros, e que nos fazem por exemplo, gostar mais de
cinema do que teatro, ou mais da área de economia do que a área do direito.
O Espírito Santo não despreza
os nossos dons e talentos, gostos e preferências, dados por Deus, mas sim transforma
aquilo que não agradava a Deus, em algo bom, e para sua Glória. Quando em restauração
o homem é como um vaso quebrado, ao qual Deus ajunta cada peça com uma cola
inviolável, e todos os gostos e talentos ficam no seu lugar. Apenas o que não é
bom, e que não agrada a Deus é retirado da alma do homem.
O nosso Senhor Jesus Cristo salvou-nos
através da Sua Morte na cruz do Calvário, e deseja para as nossas vidas santidade, tanto
nos nossos pensamentos como nas nossas atitudes. Para a adoração e para a
convivência com Deus é necessário santidade na vida do crente. Por isso é muito
importante o domínio próprio, a existência de murros na vida do crente que o
protejam das circunstâncias e das tentações.
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