No decurso da sua vida, o
homem pode sofrer agressões, ou situações traumáticas que deixem marcas na sua
alma. Nesta situação o homem precisa de cura interior, da sua mente, das suas emoções,
lembranças e sonhos. A cura traduz-se num processo em que Deus cura a nossa
alma, e liberta-nos dos ressentimentos, do sentimento de rejeição, da
autopiedade, da depressão, da culpa, do medo, da tristeza, do ódio, do complexo
de inferioridade, da autocondenação, e outros sentimentos como senso de desvalor.
As decisões erradas que
tomamos podem trazer várias consequências que ferem a nossa alma e que fazem-nos
sentir remorsos, arrependimento, autocondenação e culpa. Quando constatamos que
tomamos atitudes erradas devemos perdoar a nós próprios, pois somos tão falhos
como todos homens a nossa volta. Deus oferece-nos o Seu perdão e por isso
devemos aceita-lo e seguir em frente.
Davi, depois do adultério que
cometeu com Beta-Seba, foi confrontado pelo profeta Natã e arrependeu-se do seu
pecado. Depois de saber que o filho que tivera com Bete-Seba morrera, Davi
parou se chorar por ele, e levantou-se lavou-se, adorou a Deus, comeu, e
consolou a Bete-Seba que voltou a conceber. Davi perdoou-se a si mesmo pelo que
acontecera, (pelo adultério que cometeu e pelo homicídio que encarregou), aceitou
o perdão que Deus lhe ofereceu e seguiu em frente com a sua vida.
Deus, depois de nos perdoar
esquece-se dos nossos pecados ou seja, transforma-nos de forma a utilizar os
nossos pecados em algo bom para nossa vida. Deus perdoou Davi, e por isso
aceitou o relacionamento de Davi com Bete-Seba abençoando a relação deles com o
nascimento de Salomão que fez parte da genealogia do nosso Senhor Jesus Cristo.
A falta de perdão é outro
fator que fere a alma do homem, e para além disso é contra a vontade de Deus,
pois o Senhor Jesus ordena-nos que perdoemos aqueles que nos ofenderam. “Porque,
se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens (as suas ofensas), tampouco
vosso pai vos perdoará as vossas ofensas” Mt 6:14-15.
O nosso Deus é um Deus cheio
de misericórdia, que, por amor, entregou o Seu Filho para que morresse por nós,
para que fossem perdoados aos nossos pecados. Por isso como filhos de Deus
devemos ser como o Pai, misericordiosos, capazes de perdoar as faltas cometidas
contra nós. “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos
uns aos outros como também Deus, em Cristo, vos perdoou” Ef 4: 32. A falta de
perdão aprisiona o crente a sentimentos de amargura, ressentimento, vingança, e
de ódio, que ferem, sujam o seu coração e dá oportunidade a Satanás apara
manipular a sua vida.
A falta de identidade em
Cristo também pode podem abrir portas para situações de desilusão, rejeição, e por
isso pode originar feridas na alma. A nossa identidade deve estar baseada na
pessoa de Jesus Cristo, que morreu na cruz do Calvário por amor de nós. Por
isso, não vivemos para ser amados mas, sim, para amar como Jesus nos amou. O amor
de Jesus nos preenche totalmente e capacita-nos para amar o próximo como Deus
deseja que amemos. Quando o homem inverte a sua função, de aquele que deve amar
para aquele que deseja ser amado, acaba por colocar expetativas no homem que só
devem ser colocados em Deus e desilude-se ficando com a alma magoada.
Quando nos vemos como Deus nos
vê, não deixamos espaço para autopiedade, complexos de inferioridade, porque reconhecemos que
somos filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo, e que já fomos abençoados com todas
as bênçãos celestiais em Cristo Jesus. Deus ama-nos com amor intenso, e
dá-nos muito valor, a ponto de ter dado o que tinha de mais precioso, o Seu
Filho para que pudéssemos ter comunhão com Ele, e viver para sempre no seu
reino. Com Jesus podemos todas as coisas, pois Ele vive em nós, e nos capacita
para que vivamos uma verdadeira vida.
Assim, para alcançarmos a cura
interior devemos perdoar-nos das escolhas erradas que fizemos e das consequências
que essas escolhas tiveram; devemos perdoar a aqueles que nos ofenderam, e também
devemos renovar a nossa mente para que tenhamos a identidade em Cristo e nos
vejamos como filhos de Deus com a missão neste mundo, de amar ao nosso próximo
como Jesus nos ama.
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