sábado, 28 de março de 2015

Cura interior


No decurso da sua vida, o homem pode sofrer agressões, ou situações traumáticas que deixem marcas na sua alma. Nesta situação o homem precisa de cura interior, da sua mente, das suas emoções, lembranças e sonhos. A cura traduz-se num processo em que Deus cura a nossa alma, e liberta-nos dos ressentimentos, do sentimento de rejeição, da autopiedade, da depressão, da culpa, do medo, da tristeza, do ódio, do complexo de inferioridade, da autocondenação, e outros sentimentos como senso de desvalor.
As decisões erradas que tomamos podem trazer várias consequências que ferem a nossa alma e que fazem-nos sentir remorsos, arrependimento, autocondenação e culpa. Quando constatamos que tomamos atitudes erradas devemos perdoar a nós próprios, pois somos tão falhos como todos homens a nossa volta. Deus oferece-nos o Seu perdão e por isso devemos aceita-lo e seguir em frente.
Davi, depois do adultério que cometeu com Beta-Seba, foi confrontado pelo profeta Natã e arrependeu-se do seu pecado. Depois de saber que o filho que tivera com Bete-Seba morrera, Davi parou se chorar por ele, e levantou-se lavou-se, adorou a Deus, comeu, e consolou a Bete-Seba que voltou a conceber. Davi perdoou-se a si mesmo pelo que acontecera, (pelo adultério que cometeu e pelo homicídio que encarregou), aceitou o perdão que Deus lhe ofereceu e seguiu em frente com a sua vida.
Deus, depois de nos perdoar esquece-se dos nossos pecados ou seja, transforma-nos de forma a utilizar os nossos pecados em algo bom para nossa vida. Deus perdoou Davi, e por isso aceitou o relacionamento de Davi com Bete-Seba abençoando a relação deles com o nascimento de Salomão que fez parte da genealogia do nosso Senhor Jesus Cristo.
A falta de perdão é outro fator que fere a alma do homem, e para além disso é contra a vontade de Deus, pois o Senhor Jesus ordena-nos que perdoemos aqueles que nos ofenderam. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens (as suas ofensas), tampouco vosso pai vos perdoará as vossas ofensas” Mt 6:14-15.
O nosso Deus é um Deus cheio de misericórdia, que, por amor, entregou o Seu Filho para que morresse por nós, para que fossem perdoados aos nossos pecados. Por isso como filhos de Deus devemos ser como o Pai, misericordiosos, capazes de perdoar as faltas cometidas contra nós. “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros como também Deus, em Cristo, vos perdoou” Ef 4: 32. A falta de perdão aprisiona o crente a sentimentos de amargura, ressentimento, vingança, e de ódio, que ferem, sujam o seu coração e dá oportunidade a Satanás apara manipular a sua vida.
A falta de identidade em Cristo também pode podem abrir portas para situações de desilusão, rejeição, e por isso pode originar feridas na alma. A nossa identidade deve estar baseada na pessoa de Jesus Cristo, que morreu na cruz do Calvário por amor de nós. Por isso, não vivemos para ser amados mas, sim, para amar como Jesus nos amou. O amor de Jesus nos preenche totalmente e capacita-nos para amar o próximo como Deus deseja que amemos. Quando o homem inverte a sua função, de aquele que deve amar para aquele que deseja ser amado, acaba por colocar expetativas no homem que só devem ser colocados em Deus e desilude-se ficando com a alma magoada.
Quando nos vemos como Deus nos vê, não deixamos espaço para autopiedade, complexos de inferioridade, porque reconhecemos que somos filhos de Deus e co-herdeiros com Cristo, e que já fomos abençoados com todas as bênçãos celestiais em Cristo Jesus. Deus ama-nos com amor intenso, e dá-nos muito valor, a ponto de ter dado o que tinha de mais precioso, o Seu Filho para que pudéssemos ter comunhão com Ele, e viver para sempre no seu reino. Com Jesus podemos todas as coisas, pois Ele vive em nós, e nos capacita para que vivamos uma verdadeira vida.
Assim, para alcançarmos a cura interior devemos perdoar-nos das escolhas erradas que fizemos e das consequências que essas escolhas tiveram; devemos perdoar a aqueles que nos ofenderam, e também devemos renovar a nossa mente para que tenhamos a identidade em Cristo e nos vejamos como filhos de Deus com a missão neste mundo, de amar ao nosso próximo como Jesus nos ama.
 
 
 

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