quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Domínio próprio e a firmeza espiritual


Um dos grandes objetivos de qualquer cristão é estar firme na fé, sobretudo depois de o cristão efetuar um compromisso com Deus de segui-Lo ao longo de toda a sua vida, em qualquer circunstância. Por isso, todos os recursos que contribuem para a firmeza na fé são buscados pelo cristão de forma a ficar mais forte nas suas fraquezas e poder resistir a tentação.

A firmeza na fé é o ato de não se afastar dos princípios da fé cristã e consequentemente é não pecar nem se afastar dos objetivos de Deus para a nossa vida. Quando um cristão peca, não mostra firmeza suficiente para fazer aquilo que sabe ser correto perante as tentações que o rodearam. Um cristão pouco firme não agrada a Deus nas suas atitudes.

Mesmos em momentos de grande pressão devemos ser firmes no compromisso de fazer a vontade de Deus, mesmo que isso custe a nossa vida. Daniel, um grande profeta de Deus, ao longo da sua vida mostrou amar a Deus acima de todas as coisas. Isto porque nos momentos de grande tensão, como por exemplo quando foi levado para Babilónia, ainda jovem, Daniel propôs no seu coração não contaminar-se com as iguarias da mesa do rei, colocando a Deus em primeiro lugar e a sua vida em segundo lugar.

Nos versículos seguintes vemos a atitude de firmeza de Daniel: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se. Ora, Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.” Dn 1:9. A firmeza demonstrada por Daniel é uma exemplo de atitudes que agradam a Deus. Se Daniel tivesse cedido a pressão da nova sociedade e contaminado-se não teria agradado a Deus.

Na nossa vida cristã, sabemos que a oração (1Pe 4:7) e a meditação na Palavra de Deus são armas para que o cristão se mantenha firme (Js 1:8) , mas existem outras armas que têm de ser desenvolvidas para que o cristão se mantenha firme nos mandamentos do Senhor Jesus e nos propósitos de Deus para a sua vida. Uma dessas armas é o domínio próprio.

O domínio próprio é a capacidade do cristão controlar as suas emoções de forma a não ter comportamentos que desagradam a Deus, como deixar exaltar-se, manifestar sentimentos como inveja, lascívia, entre outras manifestações da carne. Na epístola aos Gálatas, Paulo fala-nos das manifestações da carne, como vemos a seguir: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facões, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.” Gl 5:19-21.

Estas manifestações da carne surgem quando não temos capacidade de dominar a nossa carne com as suas emoções, nem levar o nosso pensamento cativo a obediência a Deus, como nos recomenda o apóstolo Paulo no versículo seguinte: “e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando todo o pensamento cativo à obediência de Cristo.” 2Co 10:5

A falta de domínio próprio é uma ruína para o crente pois leva-o a pecar e a ficar desprotegido na sua luta espiritual contra as forças das trevas. Por isso um homem sem domínio próprio é como uma cidade sem murros, como nos diz o rei Salomão no provérbio seguinte: “Como a cidade derribada, que não tem murros, assim é o homem que não tem domínio próprio.” Pv 25:28.
 
Quando temos o domínio próprio não deixamos que as situações a nossa volta nos levem ao pecado, qualquer que sejam a gravidade do pecado. Por outras palavras o domínio próprio impedem-nos de cometer grandes pecados que podem ter repercussões graves na nossa vida, ou mesmo, de cometermos pecados que aparentemente não têm repercussão na nossa vida mas ferem a nossa relação com Deus e desagradam ao Espírito Santo.
O apóstolo Pedro, na sua segunda epístola, diz-nos que Deus deseja tornar-nos co-participantes da sua natureza divina e livrar-nos das corrupções das paixões que há no mundo. Para cooperar no propósito de Deus para a nossa vida, o apóstolo Pedro aconselha-nos a acrescentar diligentemente à nossa fé o domínio próprio, e outras atitudes que nos levam a cumprir o mandamento central do Senhor Jesus que é a pratica do amor.
 

Vemos isso nos versículos a seguir: “pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo, por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor. 2Pe 1:4-7.

O domínio próprio é algo que se desenvolve por decisão própria mas é dado também pelo Espírito Santo quando o cristão se dispõe a dominar as suas emoções e a sua carne. Por este motivo o domínio próprio faz parte do fruto do Espírito Santo. Na luta contra a carne e contra as situações tentadoras temos a ajuda do Espírito Santo para nos ajudar e por isso não estamos sozinhos.

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