sexta-feira, 22 de março de 2019

O talento escondido


Na Bíblia, desde o Antigo Testamento até ao Novo Testamento, vemos várias vezes a descrição dos pecados de ação, que são aqueles cometidos quando o homem desobedece a ordem de Deus, ou infringe alguma lei/mandamento divino. O primeiro exemplo mencionado na Bíblia foi a queda de Adão e Eva, quando desobedeceram a Deus e comeram o fruto da árvore,do conhecimento do bem e do mal.

Podemos ver a seguir a descrição da queda do homem no livro de Gênesis e as suas consequências: “Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse o homem: a mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi. Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente me enganou, e eu comi. (…) E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias da tua vida” Gn 3:11-13,17.

O nosso Mestre, o Senhor Jesus, refere outro tipo de pecado, que pode igualmente afastar o cristão da presença de Deus. Este pecado é o pecado da omissão. Ao longo dos seus ensinos, que podem ser observados nos evangelhos, Jesus Cristo ensina-nos a praticarmos o bem e recomenda-nos a sermos diligentes nos assuntos de Deus Pai. Isto é possível quando fazemos a vontade do Pai Celeste e colocamos em prática os ensinos do nosso Mestre: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu pai, que está nos céus.(...)Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.”Mt 7:21,24.

Para falar da necessidade do cristão ser diligente nos assuntos do reino de Deus, Jesus conta-nos a parábola dos talentos. Nesta parábola vemos que um senhor distribui aos seu servos talentos, e que um deles não se preocupou em multiplicar aquilo que tinha recebido e enterrou-o na terra. “Pois será como um homem que, ausentando-se do pais, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. (…) Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor.” Mt 25:14,18.

O que Deus deseja dos cristãos é que eles dediquem a sua vida aos seus assuntos e que utilizem os dons que Deus os deu para serviço e edificação da sua Igreja. Se o cristão fizer o mesmo que o servo que escondeu o seu talento, está a deixar de abençoar os outros e a cometer um pecado por omissão.

Por isso, o senhor do servo quando vê que este não se preocupou em negociar os seus talentos, repreende-o como vemos nos versículos a seguir: “Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu ao voltar, receberia com juros o que é meu.

O nosso Senhor Jesus diz-nos que a atitude daqueles que deixam de fazer o bem em favor do próximo, por amor a Deus, é tão reprovável que afasta eternamente estes servos da presença de Deus. Para falar sobre isso, o Mestre usa não só a parábola dos talentos como também descreve o destino final destes servos no grande julgamento.

Vemos as palavras do Mestre a seguir: “Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez. (…) E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes. (…) Então o Rei dirá também aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedaste; estando nu, não me vestistes: achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.” Mt 25:28,30, 41-43.

Quando o cristão, apesar de não praticar os pecados mencionados nos dez mandamentos, não se preocupa em fazer o bem ao seu próximo que Deus nos ensina, ele é reprovável para Deus, como os cristãos descritos na igreja da Laodiceia. “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!(...)pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” Ap 3:15,17.

Tudo o que Deus concede aos cristãos deve ser colocado ao serviço de Deus e do seu Reino. A vida, os recursos financeiros, a energia para o dia a dia e inclusive os dons espirituais que Deus concede a cada cristão, devem ser colocados aos serviço de Deus e do seu Reino com nos ensina o nosso Mestre. Deus deseja não só que os seus filhos evitem o mal e o pecado mas também que eles pratiquem o bem em favor do seu próximo, por amor ao seu Filho Jesus, que nos comprou para Deus através do seu sangue.

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