O
cristão ao longo da sua caminhada com Deus sofre um processo
contínuo de restauração, que transforma a sua mentalidade natural
numa mentalidade de acordo com os ensinamentos do Senhor Jesus. Essa
transformação é gradual no sentido da mudança completa do nosso
ser até a semelhança com o caráter de Jesus Cristo.
Esse
processo de transformação decorre a medida que o crente caminha em
obediência a Deus, segundo o chamado de Jesus Cristo. O cristão é
chamado não só salvação como também a tornar-se semelhante a
Jesus Cristo no seu caráter. A medida que o cristão caminha em
direção a Pátria celestial, pode também servir a Deus de acordo
com os dons que o Espírito Santo lhe tiver dado.
A
restauração é por isso um processo onde Deus conserta a forma de
pensar, de sentir e de agir. Com a mudança do interior do cristão,
todos os aspetos visíveis da vida são mudados, de acordo com a
Palavra de Deus. A importância da mudança do interior deve-se pelo
fato de serem os nossos pensamentos e emoções que determinam os
nossos pensamentos.
Inclusive,
para que ocorra situações de pecado na vida dos cristãos, essas
situações têm de ser primeiro geradas no coração e depois transformadas
em ações visíveis. O nosso Mestre diz-nos que é do coração que
surgem os maus desígnios, como vemos a seguir: “Porque do coração
procedem os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição,
furtos, falsos testemunhos, blasfémias.”Mt15:19 Por isso antes de
tudo, temos de ser transformados no nosso coração.
Os
cristãos podem ser comparados ao barro, que inicialmente, estava
sujo e cheio de impurezas a beira de lagos os de rios. O oleiro, que
é o nosso Deus, recolhe-nos em suas mãos, e faz uma cuidadosa
purificação na nossa vida, de forma a tornar-nos num barro moldável
nas suas mãos e que não se parta.
No
livro do profeta Isaías podemos ver a comparação dos cristãos com
barro e de Deus com um oleiro que molda a nossa vida, com as suas
mãos. “Mas agora, ó Senhor; tu és nosso Pai, nós somos o
barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos.” Is
64:8. A nossa estrutura é frágil, somos apenas barro, apenas quando
moldados pelas mãos de Deus passamos a ser um vaso, útil para o
nosso Deus.
Na
nossa caminhada com Deus não devemos esquecer que somos barros,
frágeis, e que mesmo depois de moldados por Deus, continuamos
sujeitos a partir. Devemos prevenir qualquer situação que nos leve
a pecar ou a distanciar-nos de Deus, pois não temos resistência
como o ferro e se cairmos podemos partir. Devemos evitar o erro de
nos achar infalíveis e cheios de poder, pois isso levaria-nos a
soberba e ao orgulho.
Contudo,
apesar de muitas vezes já termos uma forma, uma maneira de pensar de
agir já estabelecida, Deus pode quebrar-nos totalmente, para poder
moldar-nos de novo, e para nos fazer um novo vaso. Esta ação de
quebrar o nosso vaso, é uma forma de restaurar-nos pois assim
corrige as deficiências que existiam na nossa forma de pensar e de
agir.
No
livro do profeta Jeremias, Deus mostra que deseja transformar-nos num
vaso melhor, a semelhança do oleiro, que tornava a fazer um vaso
novo com os cacos quebrados nas suas mãos, como vemos a seguir:
“Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão,
tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. (…) Não
poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?-
diz o Senhor; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós
na minha mão, ó casa de Israel.” Jr 18:4,6.
Ao
longo de toda a vida temos a necessidade de sermos várias vezes
moldados de novo; e para isso Deus quebra o nosso vaso, molda o nosso
interior, de forma a que possamos ter capacidade para sermos mais
enchidos com o Espírito Santo, e para que tenhamos uma nova forma,
que não esteja de acordo com os padrões do mundo, mas sim com os padrões
de Deus. Nessa nova forma, somos mais íntegros, mais humildes, com
mais temor a Deus e também mais santificados.
Depois
de moldados somos postos no fogo; esse processo onde somos submetidos
a altas temperaturas, permite que o nosso vaso ganhe resistência e
que se torne mais purificado. Muitas situações da vida podem
funcionar como o fogo, que ajuda a dar mais resistência a nossa fé
e ao nosso carácter. Essas situações acabam por permitir eliminar
certas coisas que existiam na nossa forma de pensar e de agir.
O
pecado também pode quebrar a nossa vida, e nesta situação temos as
mãos do Senhor cheias de Graça que nos dão novamente uma forma e
uma utilidade, pois deixamos de ser cacos de barro para ser novamente
vasos do Senhor. Deus não despreza o cristão despedaçado pelo
pecado, mas convida-o a uma nova vida.
Para
que ao longo da nossa vida possamos ser restaurados, precisamos de
manter a nossa vida no centro da vontade de Deus, ou seja, temos de
colocar Deus no centro da nossa vida e agir de acordo com a vontade
de Deus e dos Seus dos propósitos para a nossa vida. Sermos moldados
até a semelhança de Jesus Cristo exige de nós escolhas em favor
de Deus e da sua vontade; exige não deixarmos ser moldados pelas
paixões do mundo.
Cada
cristão deve recordar-se de que a sua estrutura é pó e que apesar
de sermos do Senhor, somos vasos de barro que podem se partir em
situações de pecado, ou em situações de autoconfiança nas nossas
capacidades. Deus pela sua imensa Graça é que dá-nos a capacidade
de caminhar com Ele, através do seu Santo Espírito. Em nós mesmos
não temos qualquer virtude ou possibilidade de nos manter firmes na
caminhada cristã sem a ajuda de Deus. Somos frágeis e só temos
valor, depois de moldados em vasos, por Deus.
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