quinta-feira, 16 de junho de 2016

Restauração divina

O cristão ao longo da sua caminhada com Deus sofre um processo contínuo de restauração, que transforma a sua mentalidade natural numa mentalidade de acordo com os ensinamentos do Senhor Jesus. Essa transformação é gradual no sentido da mudança completa do nosso ser até a semelhança com o caráter  de Jesus Cristo.


Esse processo de transformação decorre a medida que o crente caminha em obediência a Deus, segundo o chamado de Jesus Cristo. O cristão é chamado não só salvação como também a tornar-se semelhante a Jesus Cristo no seu caráter. A medida que o cristão caminha em direção a Pátria celestial, pode também servir a Deus de acordo com os dons que o Espírito Santo lhe tiver dado.


A restauração é por isso um processo onde Deus conserta a forma de pensar, de sentir e de agir. Com a mudança do interior do cristão, todos os aspetos visíveis da vida são mudados, de acordo com a Palavra de Deus. A importância da mudança do interior deve-se pelo fato de serem os nossos pensamentos e emoções que determinam os nossos pensamentos.


Inclusive, para que ocorra situações de pecado na vida dos cristãos, essas situações têm de ser primeiro geradas no coração e depois transformadas em ações visíveis. O nosso Mestre diz-nos que é do coração que surgem os maus desígnios, como vemos a seguir: “Porque do coração procedem os maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfémias.”Mt15:19 Por isso antes de tudo, temos de ser transformados no nosso coração.


Os cristãos podem ser comparados ao barro, que inicialmente, estava sujo e cheio de impurezas a beira de lagos os de rios. O oleiro, que é o nosso Deus, recolhe-nos em suas mãos, e faz uma cuidadosa purificação na nossa vida, de forma a tornar-nos num barro moldável nas suas mãos e que não se parta.


No livro do profeta Isaías podemos ver a comparação dos cristãos com barro e de Deus com um oleiro que molda a nossa vida, com as suas mãos. “Mas agora, ó Senhor; tu és nosso Pai, nós somos o barro, e tu, o nosso oleiro; e todos nós, obra das tuas mãos.” Is 64:8. A nossa estrutura é frágil, somos apenas barro, apenas quando moldados pelas mãos de Deus passamos a ser um vaso, útil para o nosso Deus.


Na nossa caminhada com Deus não devemos esquecer que somos barros, frágeis, e que mesmo depois de moldados por Deus, continuamos sujeitos a partir. Devemos prevenir qualquer situação que nos leve a pecar ou a distanciar-nos de Deus, pois não temos resistência como o ferro e se cairmos podemos partir. Devemos evitar o erro de nos achar infalíveis e cheios de poder, pois isso levaria-nos a soberba e ao orgulho.


Contudo, apesar de muitas vezes já termos uma forma, uma maneira de pensar de agir já estabelecida, Deus pode quebrar-nos totalmente, para poder moldar-nos de novo, e para nos fazer um novo vaso. Esta ação de quebrar o nosso vaso, é uma forma de restaurar-nos pois assim corrige as deficiências que existiam na nossa forma de pensar e de agir.


No livro do profeta Jeremias, Deus mostra que deseja transformar-nos num vaso melhor, a semelhança do oleiro, que tornava a fazer um vaso novo com os cacos quebrados nas suas mãos, como vemos a seguir: “Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu. (…) Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?- diz o Senhor; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” Jr 18:4,6.


Ao longo de toda a vida temos a necessidade de sermos várias vezes moldados de novo; e para isso Deus quebra o nosso vaso, molda o nosso interior, de forma a que possamos ter capacidade para sermos mais enchidos com o Espírito Santo, e para que tenhamos uma nova forma, que não esteja de acordo com os padrões do mundo, mas sim com os padrões de Deus. Nessa nova forma, somos mais íntegros, mais humildes, com mais temor a Deus e também mais santificados.


Depois de moldados somos postos no fogo; esse processo onde somos submetidos a altas temperaturas, permite que o nosso vaso ganhe resistência e que se torne mais purificado. Muitas situações da vida podem funcionar como o fogo, que ajuda a dar mais resistência a nossa fé e ao nosso carácter. Essas situações acabam por permitir eliminar certas coisas que existiam na nossa forma de pensar e de agir.


O pecado também pode quebrar a nossa vida, e nesta situação temos as mãos do Senhor cheias de Graça que nos dão novamente uma forma e uma utilidade, pois deixamos de ser cacos de barro para ser novamente vasos do Senhor. Deus não despreza o cristão despedaçado pelo pecado, mas convida-o a uma nova vida.


Para que ao longo da nossa vida possamos ser restaurados, precisamos de manter a nossa vida no centro da vontade de Deus, ou seja, temos de colocar Deus no centro da nossa vida e agir de acordo com a vontade de Deus e dos Seus dos propósitos para a nossa vida. Sermos moldados até a semelhança de Jesus Cristo exige de nós escolhas em favor de Deus e da sua vontade; exige não deixarmos ser moldados pelas paixões do mundo.


Cada cristão deve recordar-se de que a sua estrutura é pó e que apesar de sermos do Senhor, somos vasos de barro que podem se partir em situações de pecado, ou em situações de autoconfiança nas nossas capacidades. Deus pela sua imensa Graça é que dá-nos a capacidade de caminhar com Ele, através do seu Santo Espírito. Em nós mesmos não temos qualquer virtude ou possibilidade de nos manter firmes na caminhada cristã sem a ajuda de Deus. Somos frágeis e só temos valor, depois de moldados em vasos, por Deus.

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