terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Semear no Espírito: uma forma de viver com integridade

Apesar de homem ser espiritual, e do seu corpo ser um templo do Espírito Santo, ele tem uma carne, que não está sob o domínio direto de Deus, e portanto, inclinada para o pecado e oposta a Deus. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si, (…) Gl 5:17. As obras da carne, portanto, não são orientadas pela vontade de Deus e por isso não contribuem para que viva bem com Deus e com o próximo “(…)Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeita a lei de Deus, nem mesmo pode estar ”Rm 8:7.

As obras da carne são enumeradas pelo apóstolo Paulo na epístola aos gálatas “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, fações, invejas, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a essas (…) Gl 5:19-21. “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus” Rm 8:8. Grande parte das obras da carne são pecados que ofendem tanto ao nosso próximo, como a nós próprios, como a Deus e degradam o relacionamento que o homem tem com Deus, consigo mesmo, e com o próximo.

O homem para agradar, e ter uma boa comunhão com a Deus, deve renegar a carne, e todas as suas obras, pois as obras da carne não agradam a Deus; são condenadas pela Sua Palavra e pelos seus mandamentos. Pelo contrário, os homens devem, obedecer a Palavra de Deus, ser servos uns dos outros e amar o próximo como a si mesmo “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião a carne; sede antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” Gl 5:13-14.

A carne e as suas inclinações não devem ter espaço na vida do cristão e nos seus relacionamentos, e não pode influenciar as suas decisões.“ Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na carne” Fp 3:3.

O crente deve lembrar-se da Palavra de Deus, enquanto vive os seus relacionamentos, e também em cada decisão, e em todas as situações que a sua nossa carne tentar inclinar-lhe para as suas vontades “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito para vida e paz” Rm 8:6. Se o cristão andar no espírito, e obedecer a vontade de Deus, enquanto vive os seus relacionamentos, agrada a Deus, o Pai Celeste, e glorifica a Jesus Cristo, nosso Salvador.

Jesus Cristo resgatou a Sua igreja, comprou-a com o seu sangue para Deus Pai, e por isso todos os cristãos são seus. Para além do crente ser um servo de Deus, também é um filho por adoção e por isso os cristãos devem as suas vidas a Ele. Por isso, os cristãos devem obedecer a seu Pai Celeste e refletir nos seus relacionamentos o Deus que habita dentro deles “Assim, pois, irmãos, somos devedores, não a carne como se constrangidos a viver segundo a carne” Rm 8:12.

Jesus Cristo, quando morreu na cruz por toda a humanidade, deu-nos a salvação e possibilitou para cada homem a restauração: um novo relacionamento com Deus, como também um novo relacionamento consigo mesmo e com o próximo.

A comunhão do homem com Deus, resulta de um acordo, em que o homem aceita que Deus, o Senhor Jesus, é o único Senhor da sua vida, de todos os seus relacionamentos, bem como de toda humanidade e de todo o Universo. O homem reconhece que foi criado por Deus, a sua imagem e semelhança, e é regido portanto, pelas leis de Deus e pela sua vontade. Para além de o homem aceitar Jesus Cristo como Salvador da sua vida, reconhece que o sacrifício de Jesus é único e suficiente para pagar os seus pecados e permitir-lhe a reconciliação com Deus Pai.

O relacionamento, ou comunhão do homem baseia-se, portanto, num acordo com Deus, seu Pai e Criador, no qual o homem tem o dever de amar a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e com todas as duas forças (Dt 6:5) e tem de amar ao seu próximo como a si mesmo Uma das formas que o homem tem de amar a Deus, que os seus olhos físicos não conseguem ver, é de amar ao próximo a quem vê.

Quando o homem não é obediente, não cumpre os mandamentos de Deus e a sua vontade, a comunhão, o acordo com Deus e afetado. Essa atitude de desobediência é chamada na Bíblia de rebelião.

A rebelião é portanto, um ato deliberado de desobediência dos homens a Deus, e uma atitude de não confiança na soberania e justiça de Deus. O homem em rebelião, mesmo sabendo da vontade de Deus escolhe fazer o contrário e não se submete a Deus. Essa atitude é um pecado grave para Deus: ”Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar (…)”1Sm 15:23. Um caso de rebelião ocorreu quando Miriã e o seu irmão Arão contestam a liderança de Moisés, a pretexto do casamento dele com uma mulher cuxita (Nm12).

A atitude de rebelião de Miriã e de Arão foi motivada pela inveja que sentiam de Moisés e resultou numa atitude de insubmissão a Deus e da sua autoridade. Por isso, Deus irou-se e Miriã ficou leprosa “A ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. A nuvem afastou-se, de sobre a tenda; e eis que Mirã achou-se leprosa, branca como a neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa.” Nm 12:9-10. Miriã e Arão deixaram que um sentimento carnal e pecaminoso, tomasse conta dos seus corações e deixaram de respeitar a autoridade de Deus, que estava sobre Moisés. Assim, a comunhão deles com Deus foi afetada negativamente e Deus ficou irado com eles.

Outro exemplo de rebelião descrito pela Bíblia foi a realizada por Corã, Datã e Abirão ”Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben. Levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, eleitos por ela, varões de renome, e se juntaram contra Moisés e contra Arão e lhe disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do Senhor?” Nm 16:1-3.

Contudo, a atitude deles não agradou a Deus e foram engolidos pela terra com tudo o que era deles: ”E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também todos os homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens.” Nm16:31-32.

Um exemplo de uma atitude de obediência e fé em Deus, e contrária a rebelião, foi a atitude de José e Calebe, que mesmo tendo visto a dimensão do desafio que era conquistarem a terra prometida de Canaã, não duvidaram do poder de Deus e não murmuram, nem se rebelaram contra Deus como todo o povo de Israel fez. Por isso Deus, não deixou senão Calebe e Josué entrar na terra prometida.

Todo o restante Israel morreu durante os quarenta anos seguintes, na travessia do deserto. ”Certamente, nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos pais, salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a ale e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao Senhor. (…) Josué, filho de Num, que está diante de ti, ele alí entrará; anima-o, porque ele fará que Israel a receba por herança”. Dt 1:35-36,38.

Depois de aceitar Jesus como Senhor e Salvador da sua vida, o homem passa a ter uma nova comunhão consigo mesmo, um relacionamento em que aceita que é filho de Deus “nos predestinou para ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito da sua vontade” Ef 1:5;sabe que foi feito por Deus: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais de antemão preparou para que andássemos neles” Ef 2:10; e que é embaixador de Cristo, seu Senhor “De sorte que somos embaixadores de Cristo (…) 2Co 5:20.

Neste novo relacionamento consigo, o homem tem consciência que é amado por seu Pai Celestial “Mas Deus prova o seu próprio amor para connosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” Rm 5:8; tem consciência que é amado por Jesus Cristo seu Salvador:” Ninguém tem maior amor do que este: de dar a própria vida em favor dos seus amigos” Jo 15:13 “ Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” Jo 10:28; e também tem consciência que é guiada pelo Espírito Santo “(…) a sua unção vos insina a respeito de todas as coisas (…)”1Jo 2:27.

O homem, ao estar reconciliado com o Pai, e por ter consciência de que é amado pelo Pai, por Jesus Cristo, e pelo Espírito Santo, também passa a ter uma comunhão nova com o próximo. Isso porque sente-se livre para amar o seu próximo como o próprio Senhor Jesus exemplificou, e para obedecer as ordens do Pai quanto a forma do relacionamento com o próximo.“(…) Amarás a teu próximo como a ti mesmo(…)” Mc 12:31.

Em conclusão, ao semear no espírito o homem acaba por tornar a comunhão com Deus, consigo próprio e com o próximo mais forte e saudável; com uma forma que, agrada a Deus, permite-lhe dar frutos do espírito e obter uma colheita de integridade e paz “ Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” Gl 5:22-23. Quando crente semeia na carne não perde o espírito mas perde os frutos. Quanto mais o crente semear no Espírito, enquanto vive os seus relacionamentos (incluindo o relacionamento com Deus), mais a sua integridade cresce; por outras palavras, semear no espírito permite-lhe ter relacionamentos cada vez mais puros, mais próximos do relacionamento do homem tinha com Deus e com o próximo antes da sua queda no jardim do Éden.

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