Apesar de homem ser
espiritual, e do seu corpo ser um templo do Espírito Santo, ele tem uma carne, que
não está sob o domínio direto de Deus, e portanto, inclinada para o pecado e
oposta a Deus. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a
carne, porque são opostos entre si, (…) Gl 5:17. As obras da carne, portanto,
não são orientadas pela vontade de Deus e por isso não contribuem para que viva
bem com Deus e com o próximo “(…)Por isso, o pendor da carne é inimizade contra
Deus, pois não está sujeita a lei de Deus, nem mesmo pode estar ”Rm 8:7.
As obras da carne são
enumeradas pelo apóstolo Paulo na epístola aos gálatas “Ora, as obras da carne
são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias,
inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, fações, invejas,
bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a essas (…) Gl 5:19-21. “Portanto,
os que estão na carne não podem agradar a Deus” Rm 8:8. Grande parte das obras
da carne são pecados que ofendem tanto ao nosso próximo, como a nós próprios,
como a Deus e degradam o relacionamento que o homem tem com Deus, consigo
mesmo, e com o próximo.
O homem para agradar, e ter
uma boa comunhão com a Deus, deve renegar a carne, e todas as suas obras, pois
as obras da carne não agradam a Deus; são condenadas pela Sua Palavra e pelos
seus mandamentos. Pelo contrário, os homens devem, obedecer a Palavra de Deus, ser
servos uns dos outros e amar o próximo como a si mesmo “Porque vós, irmãos,
fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião a
carne; sede antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se
cumpre em um só preceito, a saber: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” Gl
5:13-14.
A carne e as suas inclinações não
devem ter espaço na vida do cristão e nos seus relacionamentos, e não pode
influenciar as suas decisões.“ Porque nós é que somos a circuncisão, nós que
adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus e não confiamos na
carne” Fp 3:3.
O crente deve lembrar-se da
Palavra de Deus, enquanto vive os seus relacionamentos, e também em cada
decisão, e em todas as situações que a sua nossa carne tentar inclinar-lhe para
as suas vontades “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito
para vida e paz” Rm 8:6. Se o cristão andar no espírito, e obedecer a vontade
de Deus, enquanto vive os seus relacionamentos, agrada a Deus, o Pai Celeste, e
glorifica a Jesus Cristo, nosso Salvador.
Jesus Cristo resgatou a Sua
igreja, comprou-a com o seu sangue para Deus Pai, e por isso todos os cristãos
são seus. Para além do crente ser um servo de Deus, também é um filho por
adoção e por isso os cristãos devem as suas vidas a Ele. Por isso, os cristãos
devem obedecer a seu Pai Celeste e refletir nos seus relacionamentos o Deus que
habita dentro deles “Assim, pois, irmãos, somos devedores, não a carne como se
constrangidos a viver segundo a carne” Rm 8:12.
Jesus Cristo, quando morreu na
cruz por toda a humanidade, deu-nos a salvação e possibilitou para cada homem a
restauração: um novo relacionamento com Deus, como também um novo
relacionamento consigo mesmo e com o próximo.
A comunhão do homem com Deus,
resulta de um acordo, em que o homem aceita que Deus, o Senhor Jesus, é o único
Senhor da sua vida, de todos os seus relacionamentos, bem como de toda
humanidade e de todo o Universo. O homem reconhece que foi criado por Deus, a
sua imagem e semelhança, e é regido portanto, pelas leis de Deus e pela sua
vontade. Para além de o homem aceitar
Jesus Cristo como Salvador da sua vida, reconhece que o sacrifício de Jesus é
único e suficiente para pagar os seus pecados e permitir-lhe a reconciliação
com Deus Pai.
O relacionamento, ou comunhão
do homem baseia-se, portanto, num acordo com Deus, seu Pai e Criador, no qual o
homem tem o dever de amar a Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e
com todas as duas forças (Dt 6:5) e tem de amar ao seu próximo como a si mesmo
Uma das formas que o homem tem de amar a Deus, que os seus olhos físicos não
conseguem ver, é de amar ao próximo a quem vê.
Quando o homem não é
obediente, não cumpre os mandamentos de Deus e a sua vontade, a comunhão, o
acordo com Deus e afetado. Essa atitude de desobediência é chamada na Bíblia de
rebelião.
A rebelião é portanto, um ato
deliberado de desobediência dos homens a Deus, e uma atitude de não confiança
na soberania e justiça de Deus. O homem em rebelião, mesmo sabendo da vontade
de Deus escolhe fazer o contrário e não se submete a Deus. Essa atitude é um
pecado grave para Deus: ”Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a
obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar (…)”1Sm 15:23. Um caso de
rebelião ocorreu quando Miriã e o seu irmão Arão contestam a liderança de
Moisés, a pretexto do casamento dele com uma mulher cuxita (Nm12).
A atitude de rebelião de Miriã
e de Arão foi motivada pela inveja que sentiam de Moisés e resultou numa
atitude de insubmissão a Deus e da sua autoridade. Por isso, Deus irou-se e Miriã
ficou leprosa “A ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. A nuvem
afastou-se, de sobre a tenda; e eis que Mirã achou-se leprosa, branca como a neve;
e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa.” Nm 12:9-10. Miriã e Arão
deixaram que um sentimento carnal e pecaminoso, tomasse conta dos seus corações
e deixaram de respeitar a autoridade de Deus, que estava sobre Moisés. Assim, a
comunhão deles com Deus foi afetada negativamente e Deus ficou irado com eles.
Outro exemplo de rebelião
descrito pela Bíblia foi a realizada por Corã, Datã e Abirão ”Corá, filho de
Isar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de
Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben. Levantaram-se perante Moisés
com duzentos e cinquenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação,
eleitos por ela, varões de renome, e se juntaram contra Moisés e contra Arão e
lhe disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é
santo, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a
congregação do Senhor?” Nm 16:1-3.
Contudo, a atitude deles não
agradou a Deus e foram engolidos pela terra com tudo o que era deles: ”E
aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo
deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também
todos os homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens.” Nm16:31-32.
Um exemplo de uma atitude de
obediência e fé em Deus, e contrária a rebelião, foi a atitude de José e
Calebe, que mesmo tendo visto a dimensão do desafio que era conquistarem a
terra prometida de Canaã, não duvidaram do poder de Deus e não murmuram, nem se
rebelaram contra Deus como todo o povo de Israel fez. Por isso Deus, não deixou
senão Calebe e Josué entrar na terra prometida.
Todo o restante Israel morreu
durante os quarenta anos seguintes, na travessia do deserto. ”Certamente,
nenhum dos homens desta maligna geração verá a boa terra que jurei dar a vossos
pais, salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a verá, e a terra que pisou darei a
ale e a seus filhos, porquanto perseverou em seguir ao Senhor. (…) Josué, filho
de Num, que está diante de ti, ele alí entrará; anima-o, porque ele fará que
Israel a receba por herança”. Dt 1:35-36,38.
Depois de aceitar Jesus como
Senhor e Salvador da sua vida, o homem passa a ter uma nova comunhão consigo
mesmo, um relacionamento em que aceita que é filho de Deus “nos predestinou
para ele, para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito
da sua vontade” Ef 1:5;sabe que foi feito por Deus: “Pois somos feitura dele,
criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais de antemão preparou para
que andássemos neles” Ef 2:10; e que é embaixador de Cristo, seu Senhor “De
sorte que somos embaixadores de Cristo (…) 2Co 5:20.
Neste novo relacionamento
consigo, o homem tem consciência que é amado por seu Pai Celestial “Mas Deus
prova o seu próprio amor para connosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós,
sendo nós ainda pecadores” Rm 5:8; tem consciência que é amado por Jesus Cristo
seu Salvador:” Ninguém tem maior amor do que este: de dar a própria vida em
favor dos seus amigos” Jo 15:13 “ Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão,
e ninguém as arrebatará da minha mão” Jo 10:28; e também tem consciência que é
guiada pelo Espírito Santo “(…) a sua unção vos insina a respeito de todas as
coisas (…)”1Jo 2:27.
O homem, ao estar reconciliado
com o Pai, e por ter consciência de que é amado pelo Pai, por Jesus Cristo, e pelo
Espírito Santo, também passa a ter uma comunhão nova com o próximo. Isso porque
sente-se livre para amar o seu próximo como o próprio Senhor Jesus
exemplificou, e para obedecer as ordens do Pai quanto a forma do relacionamento
com o próximo.“(…) Amarás a teu próximo como a ti mesmo(…)” Mc 12:31.
Em conclusão, ao semear no
espírito o homem acaba por tornar a comunhão com Deus, consigo próprio e com o
próximo mais forte e saudável; com uma forma que, agrada a Deus, permite-lhe
dar frutos do espírito e obter uma colheita de integridade e paz “ Mas o fruto
do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” Gl 5:22-23.
Quando crente semeia na carne não perde o espírito mas perde os frutos. Quanto
mais o crente semear no Espírito, enquanto vive os seus relacionamentos
(incluindo o relacionamento com Deus), mais a sua integridade cresce; por
outras palavras, semear no espírito permite-lhe ter relacionamentos cada vez
mais puros, mais próximos do relacionamento do homem tinha com Deus e com o
próximo antes da sua queda no jardim do Éden.
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