quarta-feira, 10 de junho de 2015

O que faltava aos fariseus

Os fariseus constituíam um grupo religioso que surgiu dois séculos antes da época de Jesus, e que apesar de ser aceite socialmente como um grupo religioso devoto a Deus e espiritual, aos olhos de Jesus Cristo estavam longe do que Deus considerava justo e santo.
 
 
O nosso Mestre apontou neste grupo várias falhas de comportamento para com Deus. Os fariseus apesar de seguirem alguns preceitos da Lei negligenciavam o mais importante: o amor a Deus e o amor ao próximo; cumpriam o jejum e doavam os dízimos da hortelã, do endro e do cominho, mas esqueciam-se da justiça, da misericórdia e da fé.
 
No evangelho de Mateus o nosso Mestre afirmou: “ Ai que vós escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro, e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas” Mt 28: 23.
Deus diversas vezes ao longo das Escrituras afirmou que faltava ao povo judeu a prática de obras de justiça, de misericórdia e de fé. As obras de justiça, como defender a causa dos órfãos, das viúvas, dos estrangeiros e dos necessitados eram negligenciados pelos líderes religiosos, incluindo os fariseus: “Aprendei a fazer o bem; atendei a justiça, repreendei o opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa da viúva”. Is 1:17.
A misericórdia, a capacidade de perdoar aquele que nos ofendem, e a disposição para amparar aqueles que estavam caídos, também não era defendida nem praticada pelos fariseus, e o Senhor Jesus apontou a falta de cumprimento de muitos outros mandamentos do Senhor dos fariseus. Para além disso os fariseus cumpriam preceitos dos homens, que invalidavam os preceitos fundamentais da Bíblia.
Os fariseus ensinavam a lei e não a cumpriam e por isso o Senhor Jesus advertiu que eles atavam fardos pesados e difíceis de carregar e os punham sobre os ombros dos homens, mas que nem com um dedo queriam move-los: Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles nem mesmo com o dedo querem movê-los” Mt 23:4.
O nosso Mestre advertiu ao povo da altura a não imitarem a conduta dos fariseus, pois eles não tinham o seu coração voltado para Deus. “Fazei e guardai, pois, tudo quanto ele vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras porque dizem e não fazem” Mt 23:3. Os fariseus não eram exemplo de conduta para com Deus: eles falavam da vontade de Deus e não a cumpriam.
Tudo o que faziam eram com o intuito de serem vistos pelos homens, e de receberem deles louvor. Os fariseus tinham como objetivo serem admirados e notados pela sociedade e por isso usavam títulos, vestuários que tinham como objetivo permitir que  fossem reconhecidos nas ruas e exigiam um tratamento especial nas saudações.
Pela soberba que enchia os seus corações, os fariseus amavam os primeiros lugares nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens (Mt 23:6-7).
Os fariseus achavam-se perfeitos e exemplos de santidade, mas eram pecadores sujeitos a maior juízo, porque ensinavam e não cumpriam; e para além disso eram avarentos, roubavam ao povo e devoravam as casas das viúvas, provavelmente pedindo doações superiores ao que podiam efetuar; e para o justificar faziam longas orações (Mt 23:14).
O nosso Mestre retrata a opinião que os fariseus tinham se de si próprios na parábola do fariseu e o publicano ”O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” Lc 18:11
Os fariseus consideravam-se justos e desprezavam os outros; contudo, eles não praticavam a justiça requerida por Deus aos seus servos, eles não defendiam os mais desfavorecidos da sociedade, não eram misericordiosos, nem viviam humildemente, em fé, para Deus: tudo o que faziam eram para serem vistos pelos homens. Não se apercebiam que ao não cumprirem os mandamentos mais importantes como amar a Deus e acima de todas as coisas e ao próximo como a eles mesmos estavam em pecado e necessitados do perdão de Deus.
O Nosso Mestre demonstra com a parábola do fariseu e do publicano que os fariseus não eram humildes perante Deus pois não reconheciam que eram pecadores, e por estrarem cheios de soberba, eram orgulhosos, altivos e consideravam-se superiores aos outros. (Lc 18:9-14). Por isso, em comparação com os publicanos, que eram conhecidos como pecadores, os fariseus estavam pior diante de Deus, ou seja eram mais pecadores do que os publicanos, que eram cobradores de impostos e que enriqueciam cobrando mais ao povo do que era exigido pelo império Romano.
Os fariseus eram mais pecadores do que os publicanos porque para além de ensinarem a Lei e de não a cumprirem, fechavam o reino dos céus aos homens; mas o pior de tudo, era que não tinham humildade para se vergarem perante Deus e pedirem perdão pelos seus pecados. Pelo contrário, eram soberbos, enalteciam-se perante Deus pelas obras que praticavam, achavam os outros inferiores a eles e os desprezavam.
Eles preocupavam-se apenas com o seu exterior, ou seja, com as suas atitudes exteriores mas não tinham preocupação com os seus corações: estavam cheios de soberba, orgulho, avareza, intemperança e iniquidade e hipocrisia, por ensinarem uma lei que não cumpriam, tinham também o coração cheio de hipocrisia (Mt 23:25).
O nosso Mestre alertou-os que pela atitude dos seus corações, ou seja pela falta de humildade perante Deus e pela forma como impediam o povo de entrar no reino de Deus, (por não entrarem e por impedirem a quem queria entrar no reino), que dificilmente escapariam a condenação do inferno “Serpentes, raças de víboras! Como escapareis da condenação do inferno” Mt 23:33.

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