Os princípios
teológicos do protestantismo estabelecidos com a reforma deflagrada
por Martinho Lutero podem ser resumidos em cinco princípios
fundamentais. Um destes princípios é “Solo Gratia”. Para fé
cristã, apenas a Graça de Deus torna possível o cristão receber a
salvação e entrar no reino de Deus. O esforço humano e todas as
boas obras que se possam fazer não podem dar direito a salvação.
A salvação é pela Graça, ou seja é um favor que nós humanos não perecemos por sermos pecadores. Essa Graça é derramada em nós quando aceitamos que Jesus Cristo morreu por nós e derramou o seu sangue para que os nossos pecados fossem perdoados por Deus Pai. O apóstolo Paulo diz-nos isso no versículo a seguir: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus;” Rm 3:24.
Deus não deseja que
os homens se gloriem de terem mérito próprio na salvação que
receberam, por isso diz-nos, a salvação é
pela Graça manifestada por Deus na morte de Jesus Cristo em nosso
lugar. Logo, não é pelas obras humanas que se alcança a salvação.
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.”
Ef 2:8-9.
Por isso, o cristão
deve afastar da sua mente tudo o que lhe faça pensar que é
salvo porque ora, lê a Bíblia, ou porque vai regularmente a Igreja.
A salvação não é fruto das obras humanas, porque nenhum homem
merecia a salvação. Por isso, qualquer homem pode ser salvo, independentemente dos pecados que tenha cometido. Aqueles que não acham que cometem "grandes pecados" devem lembrar-se que até nas sua melhores
obras têm muitas vezes demonstrações de carnalidade.
O apóstolo Paulo é
um exemplo de alguém que sendo pecador foi alcançado pela Graça de Deus. Ele
relata isso na sua epístola a Timóteo, mostrando como a Graça de
Deus se manifestou na sua vida, oferecendo-lhe a salvação mesmo
tendo sido blasfemo e perseguidor da Igreja.
Deus na sua
misericórdia perdoou-lhe os pecados e deu-lhe a honra de levar o
evangelho. Vemos isso a seguir: “Sou grato para com aquele que me
fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel,
designando-me para o ministério, a mim, que noutro tempo, era
blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia pois o
fiz na ignorância, na incredulidade.” 1Tm 2: 12-13.
Paulo, inclusive se
considerou um dos maiores pecadores por tudo o que fizera
enquanto perseguia a Igreja. Mas considerou que Deus salvou-lhe a ele
para demonstrar a sua enorme longanimidade e misericórdia. “Fiel é
esta palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por
esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim,
o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e
servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida
eterna.” 1Tm 1:15-16.
Depois de salvos,
somos convidados por Deus a praticar as boas obras que Ele preparou
para nós. As boas obras são uma consequência da salvação, uma
demonstração a Deus da nossa gratidão pela salvação recebida e
também uma forma de expressar o amor a Deus. “Pois somos feitura
dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas.” Ef 2:10.
Assim, devemos relembrar-nos a cada dia que a salvação é
concedida ao homem pela Graça e que tudo o que fazemos para Deus
também é pela sua Graça. É Deus quem nos sustenta e capacita
através do seu Santo Espírito para que possamos fazer o que Ele
nos ordena. Isto quer dizer que apesar de não merecermos Deus nos
concede a salvação, pela fé na obra salvífica de Jesus Cristo e
nos dá o seu Espírito Santo, para nos
fortificar e capacitar nos seus caminhos.
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