quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Solo Gratia

Os princípios teológicos do protestantismo estabelecidos com a reforma deflagrada por Martinho Lutero podem ser resumidos em cinco princípios fundamentais. Um destes princípios é “Solo Gratia”. Para fé cristã, apenas a Graça de Deus torna possível o cristão receber a salvação e entrar no reino de Deus. O esforço humano e todas as boas obras que se possam fazer não podem dar direito a salvação.

A salvação é pela Graça, ou seja é um favor que nós humanos não perecemos por sermos pecadores. Essa Graça é derramada em nós quando aceitamos que Jesus Cristo morreu por nós e derramou o seu sangue para que os nossos pecados fossem perdoados por Deus Pai. O apóstolo Paulo diz-nos isso no versículo a seguir: “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus;” Rm 3:24.
 
Deus não deseja que os homens se gloriem de terem mérito próprio na salvação que receberam, por isso diz-nos, a salvação é pela Graça manifestada por Deus na morte de Jesus Cristo em nosso lugar. Logo, não é pelas obras humanas que se alcança a salvação. “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Ef 2:8-9.
 
Por isso, o cristão deve afastar da sua mente tudo o que lhe faça pensar que é salvo porque ora, lê a Bíblia, ou porque vai regularmente a Igreja. A salvação não é fruto das obras humanas, porque nenhum homem merecia a salvação. Por isso, qualquer homem pode ser salvo, independentemente dos pecados que tenha cometido. Aqueles que não acham que cometem "grandes pecados" devem lembrar-se que até nas sua melhores obras têm muitas vezes demonstrações de carnalidade. 
 
O apóstolo Paulo é um exemplo de alguém que sendo pecador foi alcançado pela Graça de Deus. Ele relata isso na sua epístola a Timóteo, mostrando como a Graça de Deus se manifestou na sua vida, oferecendo-lhe a salvação mesmo tendo sido blasfemo e perseguidor da Igreja.
 
Deus na sua misericórdia perdoou-lhe os pecados e deu-lhe a honra de levar o evangelho. Vemos isso a seguir: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim, que noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente. Mas obtive misericórdia pois o fiz na ignorância, na incredulidade.” 1Tm 2: 12-13.
 
Paulo, inclusive se considerou um dos maiores pecadores por tudo o que fizera enquanto perseguia a Igreja. Mas considerou que Deus salvou-lhe a ele para demonstrar a sua enorme longanimidade e misericórdia. “Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna.” 1Tm 1:15-16.
 
 
Depois de salvos, somos convidados por Deus a praticar as boas obras que Ele preparou para nós. As boas obras são uma consequência da salvação, uma demonstração a Deus da nossa gratidão pela salvação recebida e também uma forma de expressar o amor a Deus. “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Ef 2:10.
 
Assim, devemos relembrar-nos a cada dia que a salvação é concedida ao homem pela Graça e que tudo o que fazemos para Deus também é pela sua Graça. É Deus quem nos sustenta e capacita através do seu Santo Espírito para que possamos fazer o que Ele nos ordena. Isto quer dizer que apesar de não merecermos Deus nos concede a salvação, pela fé na obra salvífica de Jesus Cristo e nos dá o seu Espírito Santo, para nos fortificar e capacitar nos seus caminhos.

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